Soneto manco

De todos os olhares que olharam,

veio aquele lacrimoso e molhado;

dos muitos sorrisos que deram,

que me cairam igual mal olhado.

Apaixonei-me por aqueles andares,

no ir e vir daquelas estradas tuas,

nos corpos tristes, de tristes olhares,

nas madrugadas perdidas das ruas.

E foi assim, que nasceu o manco soneto;

no olhar, no riso defeituoso e cruel,

daquelas mulheres dos bares da vida.

No pecado da carne, que já não cometo,

no copo de vinho, transformado em fel,

na lembrança da flor desfolhada, ferida !