FERIDA PERENE
No meu peito você fez a ferida,
E nunca mais deixou que ela sarasse;
De nada lhe servira a minha vida
Para fazer com que você me amasse.
Já quase um ancião, sinto exaurida
Esta esperança; a dor mostro na face.
Eu morrerei com a chaga dolorida,
Porque não tive a boca que a soprasse.
Se só gosta de dar-me dissabores,
Não precisa, também, trazer-me flores
Quando eu morrer. Nem vir ao meu enterro.
Mas se também quiser estar presente,
Não se constranja, pois verá somente
Um corpo inerte – sem virtude ou erro.