Soneto da Saudade


Quando cai a tarde e o sol, ao se ir,
Se despede da gente no poente,
Que vontade enorme de lhe pedir
Que leve toda a saudade da gente!

Mas, se lhe peço, é porque o partir
Do sol, me lembra os adeuses dolentes
Que nunca me deram, nem nunca vi,
Dos amores que partiram silentes.

E agora, que de novo vejo a tarde
Já se esvaindo no fundo horizonte,
Canta o poema o receio que me invade:

Que tua hora de partir não me contes
E, súbito, te tornes a saudade
Que nas Ave-Marias me desponte!

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 03/02/2009
Reeditado em 12/10/2011
Código do texto: T1420071
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