PORTA ABERTA
Abro a porta e entra a saudade
trazendo-me perfumoso buquê
de marias-sem-vergonha; quem vê
logo lança um sorriso de maldade!
Saudade eu tenho de quê?
Dos meus tempos de menino na cidade
pequenina? O doce de batata, o levíssimo purê
com carne assada da mamâe-felicidade?
Chega-me a saudade sem queixume
e me abraça, olhos d'água ao pé do lume;
fazemos festa do passado; um repasto!
Engasgo-me de noite; a língua da alvorada
vem lambendo minha poesia mal rimada
e saudade já vai longe. Sem um rasto!