Soneto das Águas Correntes
Avistei o rio que me levou você,
Límpido, mas insensível ao meu amor.
Corria sereno; eu, ali, chorava em flor;
Um pingo de moça que não se vê.
Rio que a tantos arrasta como bem quer,
Um desenrolar de contos enluarados;
Levou-me você com braços armados.
Eu – soledade - invisível mulher.
Lágrima – pingente flor – correnteza,
Sou aquela que observa, chorando, o rio;
Rezando calma, buscando leveza.
Sendo flor enraizada me liberto;
Da fatalidade busco um desvio;
Mergulho a procurá-lo em mar aberto.