O POETA HORIZONTAL

Encaro a estrada sem acender os faróis

Pra ver se o sono ultrapassa os caracóis

Que me tonteiam mas não me deixam sair

Dos labirintos que me impedem de dormir

Abro a cancela com os faróis sempre apagados

Parece um sonho mas permaneço acordado

A cada imagem outro arroubo outras rimas

A um som descrente da minha lírica de esquinas

Está tudo branco como um quarto de hospital

Em que o paciente é um paciente poema

A transformar-me num poeta horizontal

Vagando em versos feitos filme de cinema

Mal projetado em um fundo de quintal

A um eu que diz-me que viver não vale a pena