Sem Rumo



Encontrei-te a esmo, em noite calma,
De carne latejante... um veneno!
Eu era a dama tesa do rio obsceno,
Tinha um corpo róseo e sem alma.

A noite foi vil qual sonho de valsa,
Bebi o licor da brisa nua...plena...
Na solitária lembro do teu aceno,
E nas drágeas encubro os meus traumas...

Estou velha, à margem, fui ingrata...
O pretérito brilha e maltrata
Curto as horas perdidas no covil.

Meu sangue, agora, gélido e funéreo,
Canta ao santuário perto do etéreo;
Serei o pó da nuvem de anil.


Ribeirão Preto, 15 de maio de 2005.
22h44 min.

Machado de Carlos
Enviado por Machado de Carlos em 26/01/2009
Reeditado em 19/02/2012
Código do texto: T1405856
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