NOX
Ó noite meu corpo te faz uma oferenda!
Hoje tão cansado, tão cansado da luz,
Tão farto de ilusão, farto destas contendas,
Quer tua graça - esta escuridão que reluz!
Estes olhos viram as desgraças tremendas-
Dor, Miséria, Pecado e Peleja atroz-
Por livros, sonhos, vidas, por dias e por lendas-
Negro letes de ossos que não se sabe a foz
Ofereço-te, em titânico desespero,
Esta oferenda ante teus sombrios portais.
Quero tua escuridão, teu vazio por inteiro!
Quero os mistérios deste califado teu;
Quiçá teu falerno, teus salões de cristais.
Noite! Toma esta alma que já morreu!