Inato

Porque o texto não sente esta dor,

Dou-lhe cor se ora minto o refrão.

Busco em vão, se não sinto, calor,

Ou torpor, que aparente ou se não,

Coração, já que a folha não finto.

Se é tinto o que escrevo, somente,

Mostro os dentes, atrevo desminto,

E sucinto na escolha estou crente.

Sou temente de um verso em relevo.

A ele devo um ventar que desfolha,

Uma bolha sem mar, galho ou trevo,

Se descrevo universo: que encolha!

Sou qual trolha, perante o versar,

Sem amar inconstante, um pretexto.

Amargo
Enviado por Amargo em 23/01/2009
Código do texto: T1400860
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