Inato
Porque o texto não sente esta dor,
Dou-lhe cor se ora minto o refrão.
Busco em vão, se não sinto, calor,
Ou torpor, que aparente ou se não,
Coração, já que a folha não finto.
Se é tinto o que escrevo, somente,
Mostro os dentes, atrevo desminto,
E sucinto na escolha estou crente.
Sou temente de um verso em relevo.
A ele devo um ventar que desfolha,
Uma bolha sem mar, galho ou trevo,
Se descrevo universo: que encolha!
Sou qual trolha, perante o versar,
Sem amar inconstante, um pretexto.