SEDIMENTO

SEDIMENTO

® Lílian Maial

Recolho os seixos lisos desse rio,

Qual lágrimas, são contas de um rosário.

Margeio a lua, refletindo o estio,

Conduzo estrelas frias p’ro estuário.

Rabiscos, risco ao léu! Meu desafio

Consiste em dar teu nome a esse cenário.

A noite enfeita, em mim, o olhar sombrio,

Revela a dor exposta em antiquário.

Saudade é conterrânea do meu peito,

Traduz em pedra a falta do teu toque,

E deixa esse vazio a soçobrar.

Afundo nessas águas como um leito,

Arrasto essas lembranças a reboque,

Permito à solidão sedimentar.

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