Outono

O tempo passa. Vou errando pela vida

Como folha caída ao sabor do vento.

Entrecruzam-se rugas em minha tez encardida,

Descubro matizes de penumbra em meu pensamento.

Os dias passam em obstinada corrida,

Reinventando deidades neste céu cinzento.

Por que hei de chorar? Minha partida

Finaliza-se em nada, é pó jogado ao vento.

Os dias passam. Inútil, meu gesto arde

E, no espírito, a luz chegou tão tarde!

Não há memória, posto que a lama seja o fim.

Assim, quando vier a alvorada fria,

Libertando ao destino da água as nuvens do dia,

Bem-vinda seja a chuva sobre mim.

Flávia Melo
Enviado por Flávia Melo em 21/01/2009
Código do texto: T1397008