A LÁGRIMA DE DEUS
Como se fosse a lágrima pingente,
Que rolasse dos olhos marejados
De Deus, a estrela pálida cadente
Que eu vi descer dos céus iluminados,
Fez-me pensar na dor de um Deus clemente,
Que viu, na cruz, os membros lacerados
Do filho amado, único e inocente,
Para salvar os homens dos pecados.
E hoje, depois de quase dois mil anos
De tanta espera e tantos desenganos
Fica Deus ainda mais cheio de mágoa;
Contemplando o seu mundo com tristeza,
Vê nas ações dos homens a vileza,
E fica, então, com os olhos rasos d’água.