NECA (Alexandrino)
NECA
(ALEXANDRINO)
Lembro-me levantei ereto nos dois pés,
Dentro na imensidão do quarto de dormir.
Não sei se andava de frente ou de viés,
E nem sabia se eu estava vindo ou a ir.
O tropeço maquinal do hoje, do amanhã,
Saúde comprometida com o meu nada.
Percebendo vejo a vida um novelo de lã,
Emaranhado por uma bruxa ou fada.
A dor faz a minha cabeça enorme e grande,
Reduzindo o cômodo: “-Casa de boneca”,
Ai fica pequeno por bem mais que se ande.
Aumenta ainda mais a lembrar da “Neca”,
Doçura que aqui dentro da gente se esconde,
Princesa primeira no altar da minha Meca.
Goiânia, 05 de abril de 2001.