Morangos
Hoje eu queria, mesmo que sem jeito,
Segurar a vida, pelo cabresto,
E repousar meu cansaço no peito
De alguém que eu tenha amado demais.
Quem sabe, então, eu conseguiria,
Em longas noites de calmaria,
Sentir o cheiro doce dos morangos
Aprisionando os meus “Até quando?”
Apagariam-se erros cometidos,
Os riscos, ferozmente, vividos,
E os tristes segredos que descobri.
Ao fim, soltaria a vida e seu cabresto,
Retornaria, descansada, do peito
De alguém que eu tenha amado demais.
Morangos...Ah, morangos!...
Salve-me desta louca vida minha
Que por ser insensata, me castiga
Lembrando-me que, de tudo, nada é meu.
Morangos...Que cheiro doce!...