Tão ausente do bem
Nesta tão cansada vida minha
Que não consente nunca um brando estado,
Vi dum peito eternamente magoado
Ir-se as esperanças que me mantinha!
E já, de esperanças desesperado,
Juntando um mal com outro que tinha,
Perdi as contas de tudo que me vinha
Danar, que assim me fora destinado!
(E ai de mim!) se me consente
Durar tanto a vida nestes ermos,
Pois me convém ficar do bem tão ausente!
Mas; enfim, não perde quem nada tinha.
E nestes infatigáveis termos
Vivo esta interminável vida minha.