CENA DO JORNAL

[A cena em questão - de nos doer na vista - foi

publicada na capa do jornal O POVO, de Fortaleza,

CE, no dia 04/12/1997. Uma menina, ainda pequena,

de cabelos desgrenhados, com o braço apoiado no

joelho e dedinho na boca, olhar apático, sentada em

pleno asfalto da AV. Bezerra de Menezes, participa de

um acampamento dos sem-terra, tendo como pano de

fundo uma barreira de policiais perfilados, em posição

de combate]

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"Quem não lê, na apatia da criança,

em cores, a tragédia desenhada?

E esta foto nos dói que nem pancada:

a polícia barrando uma esperança.

A cena do jornal é ver pedrada;

bate nas consciências feito lança.

Um escárnio que mói, também nos cansa.

E onde a posse da terra tão sonhada?

As barreiras humanas são postais...

Bélicos mastodontes (de metais),

sob escudos, num cerco às liberdades.

A foto, já por si, queima as retinas.

E a sem-terra, petiz, reflete esquinas

onde a fome se nutre nas cidades."

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[Soneto publicado no dito jornal em

25/01/1998, tendo embaixo a seguinte

nota: "À REDAÇÃO: O soneto acima foi

feito também para homenagear a

felicidade do "flash", um que melhor O

POVO publicou em 1997. Parabéns ao

repórter fotográfico que o colheu tão

bem, no "front" da Bezerra de Menezes]

Fort., 12/01/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 12/01/2009
Reeditado em 12/01/2009
Código do texto: T1381646
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