AS COUSAS QUE EU VI
Vi tantas cousas neste vil mundo,
Que meus verdes olhos jamais creram;
Vi a alegria ser substituída em tudo
E crianças que, por sonharem, morreram.
Vi a liberdade, na dor, padecendo
E lágrimas jovens, no mundo, jogadas;
Vi sorrisos pela fome entristecidos
E a flor-do-amor ser, enfim, desfolhada.
Vi o amor, pelo sexo, ser corroído;
Vi criancinhas lutarem como bravos,
Contra a miséria, a fome e o vício;
Vi mães magras, de seios desmamados,
E no espelho -rugas do tempo-
O rosto do mundo envelhecendo.
Olinda-PE, em 23 de janeiro de 1977.