Escuro
São dores como esta que me alegram.
Há vezes em que, do pesar, me privo.
Porém, sofrendo, percebo que vivo
E ressuscito os pulsos que me regram!
Desistam! Meus sentimentos não zebram!
Sou assim por inteiro. Não me esquivo
Do que é passado e tenho orgulho ativo;
Parentes sempre vêm e me anegram.
Sou muito mais do que esta carcaça.
Registro, assim, minha forte ameaça:
A cor que mais me vale não é o ouro!
Enquanto viver eu na Terra imunda,
Todos cuja alma não é profunda
Hão de respeitar o meu negro couro!