A seus pés
Não fiz tal jardim só para que o guarde
(Murcho) Por entre páginas co'aroma
De nuvem multicor de um fim de tarde!
Nem fiz para que não durma ou não coma!
Co'asas noturnas, como um verso (que arde)
Há-de conter-se em tão frágil redoma?
Pois se pousa à janela, canta logo
A lua que se deita, e espera a lua
De outro pouso da noite, que acentua
Um fogo (em verde mar) no qual me afogo!
Ah, dê-lhe o sol do mais lânguido olhar
E uma gota que o borre, mas não prenda!
Porque se não, o soneto vira lenda
E este poeta passa a lhe assombrar(..).
a 29 de Dezembro de 2006