Soneto de submersão
O dente afunda sobre a carne trêmula
Tão quente a lua branca acalenta
Vazia a rua uma sonata emenda
À deusa nua coberta de seda
A nesga funda aprisiona a alma
Vermelha, a boca acorrenta a calma
E o povo rouco de pé bate palmas
Silêncio é pouco para quem se apresenta
E os braços atam como dois guardiões
Que guardam o corpo como se fosse um vaso
Feito de argila pelo oleiro frio
E os beijos matam feito mil canhões
E, o corpo, lavam os dois olhos rasos
Que formam n’alma o esteiro de um rio