Soneto de submersão

O dente afunda sobre a carne trêmula

Tão quente a lua branca acalenta

Vazia a rua uma sonata emenda

À deusa nua coberta de seda

A nesga funda aprisiona a alma

Vermelha, a boca acorrenta a calma

E o povo rouco de pé bate palmas

Silêncio é pouco para quem se apresenta

E os braços atam como dois guardiões

Que guardam o corpo como se fosse um vaso

Feito de argila pelo oleiro frio

E os beijos matam feito mil canhões

E, o corpo, lavam os dois olhos rasos

Que formam n’alma o esteiro de um rio

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 06/01/2009
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