AINDA HÁ TEMPO
Vou rasgar o vestido que me deu
desbotado, surrado e ainda no cabide.
Melhor, vou cortá-lo em retalhos precisos
e farei uma almofada pra recostar.
Vou pegar o laço de fita de cetim
e colocar numa cesta de palha.
Dentro frutas maduras coloridas
perfumando o ar antigo desta sala.
Vou reconstruir desconstruindo
e cantarolar a música que esqueci a letra
de tanto que havia esquecido de mim.
Depois de toda essa coragem
vou abrir a porta; sairei sedenta
ao encontro da vida que deixei no vento. Ainda há tempo.
02/02/2005