Soneto de Presença
Como uma mão que, cega, pelo pescoço me segura
E a loucura que me entrega a um brado tortuoso
Que se sucede por um silêncio tonto entrevado
Como um encontro marcado com um estranho perigoso
Como um suspiro derradeiro de um homem moribundo
Ou o primeiro choro de um bebê recém-nascido
Como o perigo de um farol apagado no oceano
Ou como o desbotado pano que é a bandeira do partido
Como o que se apodera do corpo e deixa marcas e feridas
Como as brigas por dentro, as chegadas, as partidas
Como o que vejo da clemência da clemência
Como o sussurro suicida que murmura ao pé do ouvido
Ou como o riso indecente, nu, pesado e perdido
É o que sinto da ausência da tua ausência