Soneto de Presença

Como uma mão que, cega, pelo pescoço me segura

E a loucura que me entrega a um brado tortuoso

Que se sucede por um silêncio tonto entrevado

Como um encontro marcado com um estranho perigoso

Como um suspiro derradeiro de um homem moribundo

Ou o primeiro choro de um bebê recém-nascido

Como o perigo de um farol apagado no oceano

Ou como o desbotado pano que é a bandeira do partido

Como o que se apodera do corpo e deixa marcas e feridas

Como as brigas por dentro, as chegadas, as partidas

Como o que vejo da clemência da clemência

Como o sussurro suicida que murmura ao pé do ouvido

Ou como o riso indecente, nu, pesado e perdido

É o que sinto da ausência da tua ausência

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 03/01/2009
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