Dizem, as mulheres, que o parto é a dor de melhor trato,
Dor que n’um átimo se vai, e logo em retrato vem...
Um sorrisinho meigo, e travesso com um quê de desdém.
Boquinha aberta, ora em sorriso, ora um abstrato “neném”
Meu coração, vago senhor, que na tez não transfunde temor
Mas, que no intimo, é fera inominada... Transportador de rancor.
Tende a fazer-se melhor na fala, que no zelo do tratar o amor
Digo-lhe leitor, de há muito quero um trato, com deus nosso senhor
Quero um parto, assim, como o da mulher e que me nasça um bom
Filho, régio no sentir, enfileirado de qualidades modestas, de bom tom
Em cada fala, e se chorar algum dia, que mais seja de alegria
Darei a este meu filho, um mesmo nome, já de sorte repetido.
Chamá-lo-ei coração, senhor agora transfundido. Elegia,
Irei fazer ao morto coração, que deixei no roto corpo, deitado ao chão!