(com as mesmas consoantes)

Remorso

Às vezes, uma dor me desespera...

Nestas ânsias e dúvidas em que ando,

Cismo e padeço, neste outono, quando

Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,

Sem os gozar numa explosão sincera...

Ah! Mais cem vidas com que ardor quisera

Mais viver, mais penar e amar cantando!

Sinto o que esperdicei na juventude;

Choro neste começo de velhice,

Mártir da hipocrisia ou da virtude.

Os beijos que não tive por tolice,

Por timidez o que sofrer não pude,

E por pudor os versos que não disse!

(Olavo Bilac)

Sovina!

Por vezes, um amor me desespera!

(De indefinido artigo:) É tipo que ando

A ver de galho em galho outonal, quando

Não cai nas moitas de uma prima(-)Vera!

Amores... Se um existe, me calando,

Múltiplo e vasto à lástima sincera

De um deserto que diz sempre: – Quisera

Não pensar, mas arder, no olhar, cantando!...

Pois logo um filme nasce à Juventude,

Sentando o Povo longe da Velhice!

E tudo vira filme ...por virtude

Do pouco envergonhar-se, aqui, à Tolice!

De tanto amor pra dar, porém, não pude

Salvar do fogo os versos que não disse!

a 26 de Dezembro de 2006