ESPAIRECENDO
(Ao meu pai – em memória)
Caminho pelas ruas sem destino, ao léu...
Como papai diria: – “para espairecer”.
Olhando em volta a vida, ao longe olhando o céu,
Eu contemplo a beleza desse alvorecer.
Aqui ladra um cachorro, ali canta um xexéu;
Uma criança chora ao peito – quer sorver.
Dissipa-se da bruma, pouco a pouco, o véu.
Neblina na baixada – hoje não vai chover.
Tropeço num buraco da calçada e tenho
Vontade de dizer um nome..., e me contenho;
Nem tudo é tão perfeito que não possa ter
Um buraco, uma pedra, um deslize, um defeito.
Só nosso Deus é bom, só Jesus foi perfeito.
E eu volto a saborear os tons do alvorecer.
26/02/05