EXTREMOS

A mocidade é como a luz, brilha e clareia;

Como a fogueira em chamas que crepita e arde;

A mocidade é como o sol, luz e incendeia;

É grito, é alvoroço, é movimento, é alarde.

Mas a velhice, não, é como um fim de tarde,

Presa fácil da noite que a enreda e enteia,

E que, sem pena a traga, a escuridão covarde.

Ah! Se ao menos tivesse a luz da lua cheia!

Uma folha caindo murcha e ressecada

É a esperança do velho, exânime, cansada,

Ao sopro extenuado e exangue de seu sonho.

É seiva a vida, é flor o sonho – esse colosso –

E o fruto sazonado é a esperança do moço;

Aos pés da juventude eu me prostro e me ponho.

Raymundo de Salles Brasil
Enviado por Raymundo de Salles Brasil em 08/04/2006
Reeditado em 06/05/2006
Código do texto: T135679