ESTELIONATÁRIOS
Selecionado o meu sorriso mais sincero,
Eis que assim clico em minha pasta de poesias;
Abro nuns versos com os quais, ingênuo, espero
Achar um jeito de alterar-me a mania;
Esta mania de mostrar-me sempre vário,
Em meus impulsos de poeta virtual;
Mal habitado por eus estelionatários,
Que a toda hora me impõem outro eu rival.
Já não suporto ser tantos sem ser ninguém.
Basta-me ser um mau poeta de plantão
– construir rimas, que só a mim digam amém.
Chega de expor a cada verso uma versão,
Que me elimina a favor de outro eu aquém,
Enquanto versa pelas minhas próprias mãos.