CORPO FECHADO
As pedras que me lança a ira inimiga,
nem uma só de todas me atinge.
A sombra protetora de uma esfinge
fecha-me o corpo à pedra, à ofensa, à intriga.
Ergo a cabeça. Falta quem me diga
que me salpica a lama ou que me atinge
a imundície que espele da faringe
o bacorim, rosnando na pocilga.
Ladram os cães e eu passo. Ainda agorinha,
não arredei aos uivos de um pupu
que latindo exibia a alma de exu.
A inveja não me atrasa - vil, mesquinha!
Antes, meus inimigos, como potros,
nela escoiceiam, roem-se uns aos outros.
João Justiniano da Fonseca
joaojustiniano@terra.com.br
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