Natal Ilícito


No Natal esqueço os minutos tortos;
Em silêncio curto o teu nobre canto;
Aos poucos dispo teu doirado manto
Entorpeço-me, alegre, em teu corpo.

O coração bate, compassado, absorto,
Aos sons de Natal canto no teu encanto;
— Hosanas!... – Perco-me no acalanto!
Tua silhueta de luz me deixa morto...

... Teu corpo nu... visto na neblina!...
Sorvo da hora, minha menina;
... Serás sempre o meu Natal de vida!

Quero-te para sempre, eterna viagem;
Vivo nesta incrível paisagem!...
... Não acordarei desta paz infinita!...

Machado de Carlos