Soneto Cristalino
Através dos cristais vejo nascer teu riso
E tuas mãos estendidas sobre meu destino.
Meu valioso tempo, agora, vem cristalino,
Como se fosse meu mais perfeito improviso.
Teria que surgir, assim, teu rosto nos cristais,
Para teu riso facilmente me domar.
Então, na hora certa, diante de algum altar,
Entregarmo-nos inteiros entre castiçais.
No delírio sério da luz que se desdobra,
Brota, junto, a simplicidade de uma trova,
Um futuro irresistível e bem fecundo.
Teu riso meus idôneos cristais vem preencher,
Imune aos meus temporais do meu vil querer;
Lançando-te no meu leito de amor sem fundo.