A MÚSICA DA VIDA
Ao dedilhar a música da vida,
Neste velho instrumento empoeirado,
Ouço da infância, o som leve e dourado,
Que acorda cada corda envelhecida.
Trazendo o novo em som desafinado,
Logo depois, intrépida, atrevida,
Julgo escutar a voz bem percutida
Do moço – afoito, belo, iluminado!
E o tempo vai passando e eu vou tocando,
Imerso no meu sonho, delirando!...
Chego a sorrir na pauta percorrida;
Mas desperto ao final e me surpreendo,
Porque eu estou me ouvindo e estou me vendo
Tocando a marcha fúnebre da vida.