Soneto da desesperança
Se água ainda bebes do cântaro
Que impoluto saceia tua sede
Imolada é porque foi a esperança
De um dia saciá-la na rede
Impingem a culpa ao igarapé
Pois, o aqüífero não pode argüir
O órgão, exímio, o líquido aprova
E o povo, coitado, tem que engolir
A concessão, com o tempo, é revogada
Mandado, por encanto, vira mandarim
E teu sal, garante sem fazer nada
A vida, por aqui é assim
Progresso esquecido, vida estagnada
Onde nem sempre os meios justificam os fins