Pressentimento

O fim pressinto. A meta está cumprida.
Morrer! Que importa? Tudo morre um dia...
Enquanto houver em mim restos de vida,
De flores juncarei minha agonia.

E a vida sufocante que eu vivi,
Em selvas de aço e de concreto armado,
Pra longe atirarei, feito um guri
Levado, e, firme, louco, desvairado,

Correndo sairei a ver campinas,
Rios e bosques, serras e colinas,
Horizontes e céus!... Tudo, afinal!

Para morrer, feliz, na soledade!
Nos braços nus e mornos da saudade!
Queimado ao sol do meu torrão natal!



Janeiro de 1961.
Antonio Lycério Pompeo de Barros
Enviado por Antonio Lycério Pompeo de Barros em 16/12/2008
Reeditado em 07/04/2009
Código do texto: T1337779
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