VERSOS NA AREIA
Oras! Pera! Que não sejam meus versos
Mesmo que feitos com os pés quebrados,
Os que ocasionem males tão perversos
Como os gritos dos pobres desprezados.
Já me cansam poemas mais diversos
Para enxugar seus olhos lagrimados
Enquanto a mim com os olhos submersos
Tenho-os sob as lentes disfarçados.
De minhalma fugiu, fugiu em vão,
Qualquer encanto e a doce inspiração
Que faziam de mim feliz poeta.
Hoje, distante da prancheta feia,
Sou o tribal que faz versos na areia
E a onda apaga, voraz e tão discreta!