Saudade e Esperança

Saudades minhas, ternas, sacrossantas...
Vales p’ra mim bem mais que as esperanças,
Que aqueles sonhos próprios das crianças
E as ilusões dos moços, que são tantas...

A mim afirmas que lutei bastante...
Sofri e amei, na minha vida, tudo.
E que, jamais, ceguei-me ou me fiz mudo
Ao ver injustiçado um semelhante

Daí o teu valor, saudades minhas.
És o passado. Para trás caminhas.
Na afirmação daquilo que já fui.

Esse castelo azul que é a esperança,
É cousa do porvir, p’ro alto avança...
Às vezes sobe muito, oscila e ruí...



Outubro de 1962.