SARAPATEL
Anos atrás a conhecei e andava
na graça meiga de uma timidez,
rosto lavado, em plena sencilhez
de quem sequer ao espelho observava.
Pensei que a alma apenas contemplava,
ao olhar-se nos vidros: todo mês
deixava-se escorrer, com altivez,
sem criar vida para a morte escrava.
Depois, mudou: escondia sua feiúra
em roupas coloridas; a alma impura
dispôs-se a revelar, cheia de pasmo,
pois decidira não possuir beleza,
não se sentia bela, com certeza,
passando a vida sem provar orgasmo.