SARAPATEL

Anos atrás a conhecei e andava

na graça meiga de uma timidez,

rosto lavado, em plena sencilhez

de quem sequer ao espelho observava.

Pensei que a alma apenas contemplava,

ao olhar-se nos vidros: todo mês

deixava-se escorrer, com altivez,

sem criar vida para a morte escrava.

Depois, mudou: escondia sua feiúra

em roupas coloridas; a alma impura

dispôs-se a revelar, cheia de pasmo,

pois decidira não possuir beleza,

não se sentia bela, com certeza,

passando a vida sem provar orgasmo.

William Lagos
Enviado por William Lagos em 10/12/2008
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