CANSAÇO



Cansei das rondas, de ser peregrino
nas distâncias distantes dos meus passos.
Fui procura demais em meus espaços
e me perdi de mim pelo destino.

É tempo de voltar ao descortino
dos desertos das praias de sargaços,
descansar das lonjuras meus cansaços,
viver, sem vida, a vida que abomino.

Já não me lanço ao mar, nem me aventuro
a vencer os limites do obscuro
em vôos cegos muito além dos montes.

Sinto a vida cimbrando o meu futuro.
Os amanhãs, que já não mais procuro,
tecem curvas de adeus nos horizontes.

Odir, de passagem


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Pergunto-me o que nos faz preferir, algumas vezes,
a vida assistida à vida vivida.
O que nos faz ficar na curva do caminho,
quando podíamos bem tê-lo percorrido todo.
Mas caminhando de verdade,
e não como seres rastejantes e imundos.
Que nos fez este mundo?
E o que fizemos dele?
Esse pensar me leva ao
... cansaço.

Zuriel.