Soneto de pretensão pequenina
Disse o velho guru: aqui mandam os ladrões,
o povo que se dane, em nossa infeliz sina,
de gente triste, de pretensão pequenina,
que marcha como rebanho, a espera de ações.
Mas a culpa não é do povo, ele se inflamou,
a veia do seu pescoço mostrou-se inchada,
como uma cobra estava na sua fachada
e a ira no rosto antes tão bom se manifestou.
Bem, o velhinho terminou por se acalmar,
visto estar por chegar a boa hora do almoço.
Encaminhou-se para o bar bem depressinha,
foi ao banheiro, lavou-se para se embelezar,
veio ao balcão, calmo, sem veia no pescoço,
disse: viva o povo e bote aqui uma caninha.