Soneto à Nêga do carnaval fora de época
Ouvi o samba que vinha de fora
Corri e me debrucei na soleira da janela
Pra ver se no bloco vinha minha donzela
Que por razões do amor, no meu peito ela mora
Junto à bateria sambava a nêga rua afora
E eu na alegoria do encantamento por ela
Peguei meu cavaquinho e toquei junto dela
Nem Mangueira ou Portela, só eu, ela e as horas
E pararam todas as escolas:
Beija-flor adoçava-se com o sambado da minha flor
Caprichosos nunca tinham visto tanto capricho e torpor
E vibravam todas as escolas:
Toda a Vila Isabel parou só pra ver o meu amor
E no final, com um beijo seu, minha donzela me abençoou