Autocrítica
Ao mundo de ação e com o desejo
e cheio do intento irrefreável
de fazer-me entendido e palatável,
declaro ter escrito sem ter pejo,
com oculto intuito de mostrar-me.
É claro, sem qualquer parco sucesso,
exerci a adulação, já aqui confesso,
elaborei a armadilha sem desarme.
Escrevo para que passem os dias
na terra que pertence aos dissabores,
de uma literatura para estetas
Já falei demasiado aos senhores,
o mundo não carece de poetas,
mas carece, assombrado, de leitores.