Soneto de Loucura
Entre as sobriedades que te pecam,
Há algo de puro que não sabes esconder.
Que te escapam a boca, e te são prazer.
Quando abrem-te as pernas, te lampejam;
E te matam em dor, e te maltratam;
E, extasiando-te, te abandonam
No arbítrio breve de teu querer,
Cuja malícia obrigara a perecer.
De tudo que se põe em desacato
Obrigam teus sentidos insensatos,
Regam-te numa essência rara, atroz
Tudo que renegaras em negrume.
Tua natureza - então exposta – lume!
Cobrindo-te a alma num capricho algoz.