Dor

Dor só pode ser de um parto

do que ainda vai nascer,

inconcebível saber

ser a dor um Nada farto,

um Nada enorme e impossível,

que nada vai significar,

só o doloroso penar,

do eu que sorve amargo fel.

Eis que tem que ser um parto

para que resulte em algo

e chegue num amanhã,

pois é triste estar no quarto,

só, com o lençol que salgo,

de choro, já de manhã.