Soneto do ser não amado
Qual borboleta de destino amargo
Cujo encargo era sua própria morte
Pousou, suave, como um leve afago
Entregue ao acaso e a sua própria sorte
Então sozinha, feito um narciso
Deitou-se frouxa, fraca e inconsciente
Qual prisioneira, só e sem juízo
Como uma chaga profunda e dolente
Então plangente, triste e sem alento
Qual carcereira de seu próprio fardo
Lançou seu palro solto para o vento
E foi opaca qual viúva esposa
Que, derradeira, aceitou seu fado
De borboleta fez-se mariposa