AS CONTAS DO MEU ROSÁRIO
Tudo que um poeta escreve ou guarda na memória
São pérolas que abrigam todo seu segredo...
Umas ficam guardadas no porão do medo,
Outras são foscas, e outras vão brilhar na glória.
Talvez, de poeta eu seja um simples arremedo,
Mas sei que há no meu sangue um gene com essa história;
E se não nasce um rei da plebe ou da escória
O poeta traz no sangue o fungo, este levedo,
Que faz de uma palavra um verso, ou mesmo um poema,
De pequeninas gotas de orvalho um diadema
Ou de morrer de amor somente o seu fadário.
Na minha timidez, aqui no meu recanto,
Mesmo que sejam foscas, muita vez me encanto
Com estas contas, que eu conto aqui, no meu rosário.