Soneto do ser amado
Qual mau agouro sinistro e obscuro
Fechou suas asas sobre as vivas pálpebras
Sequazes ressequidas e alvas
De quem dormia na estrada escura
Qual bailarina de um teatro negro
Seguiu um ballet sem equilíbrio ou traço
Como quem cobre com uma mortalha
Um corpo morto e solto no espaço
Qual uma escrava de seus todos medos
Larga-se frouxa, nua, no abismo
Sendo senhora de sua própria sorte
E feito a dona de si própria chega,
Como uma amante de tragédias gregas
Que só revive com sua própria morte