SOTURNA AMANTE - Soneto
Quem és, soturna amante em negro véu
A estender-me no mármore solitário,
Aquecendo com teu manto mortuário
Meu corpo no inferno, funéreo céu?
És tu, a lasciva amante desejada,
Se ao deitar-me em teu esquife de amor,
Se ao arrancar do peito a amarga dor,
Em teu colo, a minha vida é ceifada?
Quem és, cruel e temida consorte,
Dos condenados, seu único norte,
A roubar-lhes, com teus seios, a vida?
Quem és, ó fantasma do meu delírio,
Na guerra da vida o cruel martíro?
Tu és a Morte, por Cristo, vencida.
Moses Adam
F.V., 20.11.08