OLHAR SOBRE A CIDADE
A noite se derrama toda nua
pelos becos e vielas da cidade.
Pelas praias, na areia, sem maldade,
livre, o sexo, ritmado, tumultua.
Sob as pontes, também, aí, flutua
a luxúria dos corpos com vontade;
poetas, sem pejo, dão-se à liberdade
e os cães, boêmios, ladram pelas ruas.
Lá das bandas da Lua vem o vento,
que se esbate nas selvas de cimento
e nas frondes das árvores murmura
mil canções de tristeza e de saudade,
a crer, talvez, não dar publicidade
ao que vê de devasso e de ternura.
Fort., 29/11/2008.