OLHAR SOBRE A CIDADE

A noite se derrama toda nua

pelos becos e vielas da cidade.

Pelas praias, na areia, sem maldade,

livre, o sexo, ritmado, tumultua.

Sob as pontes, também, aí, flutua

a luxúria dos corpos com vontade;

poetas, sem pejo, dão-se à liberdade

e os cães, boêmios, ladram pelas ruas.

Lá das bandas da Lua vem o vento,

que se esbate nas selvas de cimento

e nas frondes das árvores murmura

mil canções de tristeza e de saudade,

a crer, talvez, não dar publicidade

ao que vê de devasso e de ternura.

Fort., 29/11/2008.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 29/11/2008
Código do texto: T1310403
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