O POETA DE MIM


O poeta de mim, enfim descansa.
Já não precisa mais cuidar das flores,
nem fomentar visões aos meus amores,
nem despertar paixões à tarde mansa.

Descansa, enfim, poeta! E se te cansa
a desdita de tantos dissabores,
contristado o contraste das colores,
descansa o teu azul em segurança.

Alcança na minh’alma a liberdade
e voa de meu sonho a imensidade,
alcançando do nada a imensidão.

Por tua morte em mim, em tenra idade
eu vou viver a tua eternidade
e me direi, após a extrema-unção:

As exéquias vão ser no coração,
no jazigo escondido da saudade.

Odir, de passagem