Manhã sem sol

Manhã sem sol! Manhã cinzenta e fria!

A brisa olente! O pássaro que trina!

Sinos que tangem! Tudo, enfim, combina,

Contrista o meu viver e me angustia...

Estranha sensação meu ser invade...

Vou sepultando indiferente, os sonhos

E, os dias meus passados, tão risonhos,

Vou divisando, além, numa saudade!

Manhã sem sol! Manhã cinzenta e fria!

Matando, embora, em mim minha alegria,

Eu te bendigo e te abençôo, ainda...

És para mim, manhã fria e sem sol,

A flor desabrochando no arrebol

Duma saudade muito terna e linda!...

Maio de 1963.