Soneto (n.22)

Águas de Novembro
 

De novembro, chegam as águas sem ternura.

Chegam-me turvas, escoam pelo meu desvão,

descem feito cachoeiras... rodam pelo chão -

e arrastam-me com elas em inútil semeadura.

*

Não é só chuva, é água em errada vertedura

que enfrenta a noite... chama minha solidão.

É um traço riscado na linha do meu coração,

maltratando a minha alma em sua urdidura.

*

Ela apresenta o gosto de dores malsinadas,

que chegam trazidas por Mistral - o vento -

em dias de tristeza e doloridas despedidas.

*

No grito insano das mais altas madrugadas,

o espanto fica preso e é o meu vil tormento

selando, com lacre, o desgosto das partidas!

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Silvia Regina Costa Lima

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Ofereço a meus amados que "partiram"

em novembros de triste memória:

+Minha tia Lydia - 2 de novembro de 1980

+Meu pai Manoel - 27 de novembro de 1984

+ Meu marido Luiz - 28 de novembro de 1998

+ Minha amiga Rosa A. - 22 de novembro de 2008

 

 

e outras despedidas, afastamentos por motivos fúteis, tolos,

banais de amigos e parentes. Assim, eu detesto novembro.

 

 


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Silvia Regina Costa Lima
10 de outubro de 2008






*Ofereço a meus amados que "partiram"
em novembros de triste memória:
 


 

SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 27/11/2008
Reeditado em 29/11/2023
Código do texto: T1305776
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